Boas! Como este blog está quase a fazer um mesinho (parece que ainda ontem o inaugurei...snif snif), decidi por bem dar-vos mais a conhecer sobre esta pessoa que escreve para vocês, relatando toda a minha infância e crescimento até aos dias de hoje num post chamado “A escura infância de Hugo”.

Esta é uma postagem de valor sentimental. Por isso, a todos aqueles que não estejam psicologicamente preparados para enfrentarem as duras realidades da vida social e pessoal, sugiro a sua ausência deste blog por hoje.





A ESCURA INFÂNCIA DE HUGO:

10 de Setembro de 1989 – O desastre.
Acabara de nascer, na Etiópia, um rapaz chamado Gaspar...mas não é isso que interessa para aqui. O que interessa é que noutro lugar, algures no Zimbabwe, Carlota Joaquina (nome fictício) acabara de dar à luz uma criança chamada Hugo (nome fictício).


1992 – A velha tradição.
Eu crescia, e como todos os rapazes da minha cidade Natal (Harare – capital do Zimbabwe), eu era maltratado, explorado, e como era tradição na minha terra, chegara ao dia de eu ser circuncisado. Lembro-me como se fosse ontem. A minha mãe fez-me sair de casa dizendo que íamos comprar um suricata para animal de estimação, mas o que eu nunca pensei foi que ela me levasse para praça pública e dissesse a um doutor para me circuncisar. Como a minha terra era pobre, não havia doutores para me circuncisar, então o que a minha mãe fez foi contratar o carrasco que executava os ladrões e vigaristas, para fazer o “trabalhinho sujo”. Amarraram-me com cordas e tiraram-me as cuecas feitas de pele de leopardo (último grito da moda lá no Zimbabwe, na altura) e o que se passou a seguir foi de tal maneira horrível que foi retirado de todos os livros de História, mas eu estou disposto a contar-vos: O meu pénis atropelou centena de pessoas que estavam ali presentes, fazendo com que o carrasco deixasse cair o machado nas cordas que me amarravam, o que fez com que eu me conseguisse soltar.


1993 – A consulta ao velho sábio.
Passava agora um ano desde o triste acidente, e após o sucedido, a minha mãe tinha-me expulso de casa e agora eu procurava um saída para poder ser finalmente alguém. Decidi então ir visitar o sábio da minha terra, o velho Sérgio (nome fictício), que me sugeriu que procurasse o babuíno Vasco. Como eu tinha apenas 4 anos, não percebi o que o velho sábio tinha dito. Então decidi continuar a minha jornada em direcção ao desconhecido.


1996 – Curiosidades.
Tinha agora 7 anos e ainda estava vivo! Bati um novo record na taxa de longevidade em Harare. É óbvio que lá existiam pessoas mais velhas, mas nenhuma tinha nascido lá. A minha mãe era rameira e tinha fugido para lá após a perseguição feita pela inquisição, e lá tinha encontrado o meu pai que era vocalista de uma banda de heavy metal.

1998 – A primeira paixão.
Enquanto passeava pelos terrenos árduos de África, quando dei por mim já estava algures em S. Tomé, onde encontrei a coisa mais linda que alguma vez tinha visto. Chamava-se Maria (nome fictício), era alta, esbelta, cabelos loiros encaracolados, e ao contrário de todas as mulheres da minha terra natal, andava vestida (o que me provocava bastante). Ela tinha 10 anos, o que a fazia ser mais velha que eu, e apesar de já ter 3 filhos, ela decidiu fugir comigo para a Europa. Construímos uma jangada, uma coisa enorme, com dois pisos, casino, piscina, centro comercial e Spa. Só nos esquecemos de amarrar-lhe algo que fizesse com que ela flutuasse, pelo que tivemos de percorrer os 25 Quilómetros que faltavam a nado. Certa noite, enquanto boiávamos para descansarmos um pouco, fomos atacados por uma baleia. “Sara” (nome fictício da baleia) atacou-me, mas eu fui valente e ofereci Maria à baleia para refeição, já que eu não podia morrer porque sou o personagem principal desta história.


2000 – Chegada ao continente.
Fatigado da longa jornada a nado, repousei numa praia algures na Europa. Não sabia em que país estava, até que li uma tabuleta que dizia “Bem-vindo a Portugal! Há caracóis e amendoins.” Neste continente fui acolhido por uma família bastante simpática que me dava meia refeição por dia e ainda direito a lavar-me uma vez por mês. Foi também com essa família que aprendi o que é o amor, a amizade e essas tretas todas. Ensinaram-me que amigo não é aquele que nos oferece coisas compradas com o seu dinheiro, mas sim aquele que nos oferece dinheiro para comprarmos algo que gostamos. Ao longo do tempo, fui-me familiarizando com esta família feliz, até ao dia em que me soltaram da cave e deixaram-me partir.


2002 – As primeiras amizades.
Sentia-me sozinho neste mundo tão perigoso, pelo que decidi comprar uma raposa. Já tinha tido uma raposa em Harare, mas tive de a dividir com os meus 25 irmãos para termos refeição. Mas esta raposa era diferente. Tinha algo de especial. Afeiçoei-me de tal maneira a ela que perdi a virgindade com ela, mas isso não é para aqui chamado. Certo dia, estava a passear à noite com a minha raposa, à procura de pombos para comermos, quando saído não sei donde, surgiu um carro donde se ouviu uma voz “Cuidado com a raposa! Liga os máximos!”. Atropelaram a minha raposa. Do carro saíram dois indivíduos, de tal maneira rechonchudos que davam para alimentar uma família inteira no meu país durante meses. Apresentaram-se como sendo Cláudio e André (nomes fictícios). Arrependido pelo seu acto, Cláudio, o condutor do veículo, ofereceu-me repouso em sua casa. E foi precisamente em sua casa que conheci a sua formosa empregada, Tânia (nome fictício).

2003 – O primeiro amor.
Eu e a Tânia desenvolvemos uma grande amizade, e enquanto Cláudio fazia as suas saídas à noite, eu ficava em casa a conversar durante longas horas com Tânia. Tânia contava-me tudo! Falava da sua infância na Ucrânia onde nascera e tinha família. Um dia, enquanto Cláudio tinha saído para trabalhar, Tânia entrou de rompante no meu quarto enquanto eu “explorava o meu corpo” e fizemos amor durante todo o dia. A verdade é que eu ainda não tinha esquecido a minha raposa com quem tinha deixado de ser menino, pelo que me vi obrigado a fugir daquela casa e procurar um lar onde pudesse formar uma família.

2004 – Um futuro bem mais promissor.
Procurei trabalho por todo o lado, mas negavam-me sempre por não pesar mais de 16 Quilos. Tinha agora 15 anos e não sabia o que fazer. Andava sozinho pela praia quando ouvi uma voz: “Xé sócio, orienta lá trocos!” Quando me virei, reparei num ser estranho que tinha um aspecto algo degradado. “Não tenho dinheiro”, respondi. “Xé sócio, tocas-te na ferida! Queres ter uma relação?”. Agradeci a sua disponibilidade, mas uma vez mais não me conseguia imaginar com outro alguém que não a raposa. Certo dia, enquanto deambulava pelas ruas da amargura, bati de frente contra um placar que incentivava inscrições para um tal programa denominado por “pistas da blue”.

2006 – Um Hugo novo.
Fui aceite para o casting das pistas da blue para fazer a voz da personagem principal – a Blue. Hoje em dia ganho 50 Euros por programa. Com o dinheiro arrecadado comprei um computador onde criei um espaço na internet chamado “Hugo’s point”.
Ontem, recebi muitas cartas após declarar publicamente na televisão nacional que iria fazer um post a contar a minha infância. Uma delas era da minha mãe biológica a pedir-me algum dinheiro, pois a prostituição no Zimbabwe não está a render, e a contar-me que o meu pai a tinha abandonado por andar em digressão com a sua banda de heavy metal chamada “Esqueleto de cão”. Outra carta era do Cláudio a perguntar-me porque o tinha deixado e a afirmar que Tânia tinha falecido após ter deixado a casa onde morava à minha procura. A última carta era de Deus a dizer-me que depois deste post nem o Diabo me deixa entrar no inferno.

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Não chorem por mim, sei que a minha infância foi má mas sei também que há bem piores!


NOTA: Este post, tal como todos os outros é mesmo a brincar. Adoro todas as pessoas que referi nele (menos o gajo referido no “capítulo” do ano de 2004).


AGRADECIMENTOS: Desta vez quero agradecer a todos os meus amigos referenciados no post por serem tão comédia e me arranjarem tema para gozar. Quero agradecer a outros amigos que deixei fora deste post, mas que também gosto muito deles e eles sabem quem são. Quero agradecer à academia por me nomear para o Óscar de melhor patife. E por último, agradecer a Deus por ser eterno e omnipotente. Cumprimentos aos pais!